Além do Cafezinho: O Que Faz um Comissário de Voo
1. Introdução – 31 de maio: Mais do que uma homenagem
O Dia do Comissário de Voo, celebrado em 31 de maio, é uma oportunidade para ir além da imagem conhecida desses profissionais nos corredores dos aviões. Embora o atendimento aos passageiros faça parte da rotina, essa não é a principal razão pela qual eles estão a bordo.
O comissário é um membro da tripulação treinado para agir em situações de emergência, garantir a segurança de todos e manter o funcionamento adequado da cabine durante o voo. Seu trabalho começa muito antes de o avião decolar — e continua até muito depois do pouso.
Ao longo deste artigo, você vai entender o que realmente faz parte das funções de um comissário de voo e quais são os requisitos atuais para exercer essa profissão no Brasil. Tudo com base nas regras atualizadas da ANAC e na realidade da aviação civil.
2. Muito além do atendimento: a real função do comissário
Para muitos passageiros, o comissário de voo é aquele profissional simpático que orienta o uso do cinto, serve bebidas e mantém um sorriso durante o trajeto. Essa imagem, embora verdadeira em parte, representa apenas a superfície de uma função muito mais ampla.
Por exigência legal, o comissário integra a tripulação com a responsabilidade de garantir a segurança de todos a bordo. Ele é treinado para agir em situações de emergência como despressurização da cabine, turbulência severa, princípio de incêndio ou necessidade de evacuação imediata. Também presta os primeiros socorros em casos de mal súbito e lida com conflitos entre passageiros quando necessário.
Durante todo o voo — inclusive enquanto realiza o serviço de bordo — o comissário mantém uma vigilância ativa. Observa o comportamento dos passageiros, verifica o uso correto dos cintos, acompanha o posicionamento das bagagens e garante que as normas de segurança sejam respeitadas. Esse olhar atento, muitas vezes discreto, é parte central da sua atuação.
Além disso, a formação e o exercício da profissão exigem participação regular em treinamentos práticos. Esses treinamentos são obrigatórios para manter a licença válida e cobrem desde primeiros socorros até simulações de evacuação e combate a incêndio.
3. Como se tornar comissário em 2025: o que a lei exige
Desde janeiro de 2024, o processo para se tornar comissário de voo no Brasil passou por mudanças com a entrada em vigor do novo Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 63. Uma das principais alterações foi o fim da obrigatoriedade de cursar uma escola homologada pela ANAC. Isso não significa, no entanto, que qualquer curso sirva.
O candidato ainda precisa passar por um treinamento teórico e prático conforme os padrões exigidos pela ANAC. Esse treinamento deve estar inserido em um programa aprovado ou reconhecido pela agência, mesmo que seja oferecido por uma instituição livre ou operador aéreo. Cabe ao candidato garantir que a formação escolhida siga essas diretrizes.
Além do treinamento, é necessário cumprir os seguintes requisitos para obter a licença de comissário de voo:
- Ter no mínimo 18 anos de idade.
- Ensino médio completo.
- Capacidade de ler, escrever, falar e compreender a língua portuguesa.
- Possuir Certificado Médico Aeronáutico (CMA) de 2ª classe válido.
- Ser aprovado em exame teórico aplicado pela ANAC.
- Realizar no mínimo 5 horas de voo em rota, como comissário, sob supervisão de instrutor.
- Ser aprovado em exame prático de verificação de competências.
4. A rotina invisível: desafios físicos e mentais
Além da formação técnica e das responsabilidades relacionadas à segurança, o trabalho do comissário de voo envolve uma rotina que impõe desafios significativos à saúde física e mental. Esses aspectos, muitas vezes invisíveis aos olhos dos passageiros, são parte constante da profissão.
As jornadas costumam ser longas e irregulares, com escalas que atravessam fusos horários e afetam o sono, a alimentação e o equilíbrio fisiológico. O descanso, muitas vezes insuficiente ou fragmentado, interfere diretamente no bem-estar do profissional e pode contribuir para quadros de fadiga crônica.
Durante os voos, o comissário lida com pessoas em diferentes estados emocionais — ansiedade, irritação, medo de voar ou até crises de saúde. Isso exige empatia, paciência, domínio emocional e preparo para mediar conflitos em espaços restritos, sob pressão constante.
Estudos recentes reforçam esses impactos. Uma pesquisa publicada em 2024 na revista Mudanças: Psicologia da Saúde apontou que cerca de 31% dos comissários avaliados apresentaram sintomas de depressão moderada a severa, e mais de 38% relataram sinais de ansiedade relevantes. O estresse e o isolamento afetivo também foram recorrentes.
Uma revisão sistemática, publicada em 2016 na Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, analisou dezenas de estudos nacionais e internacionais sobre o tema e concluiu que o aumento de voos, a pressão por desempenho e a complexidade das tarefas contribuem diretamente para a sobrecarga física e psicológica desses profissionais.
Em função desses fatores, as companhias aéreas e os reguladores mantêm normas de saúde ocupacional que preveem repouso mínimo, acompanhamento médico periódico e treinamentos atualizados como parte das medidas preventivas.
6. Conclusão – Um papel silencioso, mas essencial
O comissário de voo é, acima de tudo, um profissional preparado para garantir a segurança e o bom andamento de cada viagem. Muito além do atendimento cortês, sua atuação envolve vigilância constante, preparo técnico e equilíbrio emocional diante dos mais diversos cenários.
É uma função que exige mais do que se vê à primeira vista. Conhecer essa realidade ajuda a entender por que o comissário é uma peça indispensável dentro da aviação comercial — mesmo quando tudo parece tranquilo.
Da próxima vez que estiver a bordo de um avião, vale olhar com outros olhos: por trás da farda e da bandeja, há alguém treinado para proteger e agir quando for preciso. E isso, por si só, já merece respeito.
Referências
- ANAC – Página oficial sobre a profissão de comissário de voo, com informações atualizadas sobre requisitos e atribuições: link
- RBAC nº 63 (2023) – Regulamento oficial que define os requisitos para formação e atuação de comissários de voo: link
- Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (2016) – Revisão de estudos sobre os impactos físicos e mentais do trabalho dos comissários: link
- Revista Mudanças (2024) – Estudo com dados sobre ansiedade, depressão e estresse em comissários de voo: link
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